Crime chocante da semana

Depois de muito tempo sem postar e após ficar chocada com o desfecho trágico do seqüestro mais comentado da semana passada e desta também, posso aqui escrever algo. O que mais me chocou foi: por quê aquela menina namorava com aquele cara? E na idade dela... Contextos diferentes aparecem, mas eu considero uma diferença de idade muito grande, pelo menos na idade em que se encontravam.
O que é namoro pra uma criança de 12 anos? Fala sério! Vai perder metade da infância (sim, da infância! quem não brincava de boneca aos 13 anos que levante a primeira Barbie). Não há maturidade compatível e nem correta motivação. Os jovens estão desperdiçando a sua juventude... Daí me lembrei desse poema parnasiano que li uma vez e compartilho com vocês.

Ser moça e bela ser
Raimundo Correia


Ser moça e bela ser, por que é que lhe não basta?
Porque tudo o que tem de fresco e virgem gasta
E destrói? Porque atrás de uma vaga esperança
Fátua, aérea e fugaz, frenética se lança
A voar, a voar?...
Também a borboleta,
Mal rompe a ninfa, o estojo abrindo, ávida e inquieta,
As antenas agita, ensaia o vôo, adeja;
O finíssimo pó das asas espaneja;
Pouco habituada à luz, a luz logo a embriaga;
Bóia do sol na morna e rutilante vaga;
Em grandes doses bebe o azul; tonta, espairece
No éter; voa em redor, vai e vem; sobe e desce;
Torna a subir e torna a descer; e ora gira
Contra as correntes do ar, ora, incauta, se atira
Contra o tojo e os sarcais; nas puas lancinantes
Em pedaços faz logo às asas cintilantes;
Da tênue escama de ouro os resquícios mesquinhos
Presos lhe vão ficando à ponta dos espinhos;
Uma porção de si deixa por onde passa,
E, enquanto há vida ainda, esvoaça, esvoaça,
Como um leve papel solto à mercê do vento;
Pousa aqui, voa além, até vir o momento
Em que de todo, enfim, se rasga e dilacera.
ó borboleta, pára! ó mocidade, espera!