Carreira de professor atrai menos preparados
O Brasil atrai para o magistério os profissionais que possuem mais dificuldades acadêmicas e sociais, aponta estudo inédito que será apresentado hoje. Os dados estão em reportagem de Fábio Takahashi publicada nesta segunda-feira na Folha de S.Paulo (íntegra disponível para assinantes do jornal ou do UOL).
Conforme o texto, uma das constatações do levantamento é que apenas 5% dos melhores alunos que se formam no ensino médio desejam trabalhar como professores da educação básica, que abrange os antigos primário, ginásio e colegial. Os pesquisadores delimitaram o patamar de estudantes "top" naqueles que ficaram entre os 20% mais bem colocados no Enem 2005 (Exame Nacional do Ensino Médio, do governo federal).
Dentro do grupo dos melhores, 31% querem a área da saúde e 18%, engenharia, afirma o levantamento.
"Com base nos questionários do Enade (o antigo provão), o estudo identificou que os alunos de pedagogia (curso que forma professores para os primeiros anos do ensino fundamental) vêm de famílias de baixa renda e têm mães com pouca escolarização --condições que apontam maiores chances de dificuldades acadêmicas."
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Taí. Acredito que haja professores muito bem qualificados, inclusive conheço alguns. Porém, não creio que sua perspectiva seja continuar lecionando no ensino público por muito tempo. É um cálculo simples de custos e benefícios. Se o governo não investe na educação básica, não há incentivos para a melhor qualificação dos trabalhadores que lá trabalham e nem para a sua permanência. Assim, quem ocupará os postos de trabalho que lá surgem serão aqueles que, infelizmente e por decorrência desse baixo investimento, não obtiverem sucesso em carreiras que lhes tragam mais benefícios financeiros e também de status.
Os professores têm sido alvo de ameças de alunos, como podem exercer sua posição de educadores? Há inclusive pais que não respeitam a posição do professor e não deixam que seu filho seja educado, nem pelos professores e nem por eles mesmos.
A educação pode ser uma questão cultural, mas a cultura também é constrangida pelos incentivos e entraves ao acesso à cultura que pode melhorar a condição de vida da população. Então, o que se deveria fazer é incentivar a 'boa cultura' e, sim, rechaçar a 'má cultura'. Com todos os juízos de valor possíveis: será que admitir que uma cultura ruim é normal é contribuir para o desenvolvimento social da população que está imersa naquela cultura?
O modus operandi pelo qual as pessoas regem suas vidas é profundamente dependente dos recursos com os quais se pode fazê-lo, mas sempre se pode fazer algo com o pouco de que se dispõe; então, que seja para algo que realmente signifique um benefício e não um custo despropositado.
Discordando do título da matéria, não diria que a carreira de professor 'atraia' os menos preparados, mas sim, que espanta os mais preparados.
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