Um poema que escrevi esta tarde.
O vento e o tempo
Águas passadas não movem moinhos,
movem apenas ventos arredios e desejos impensados,
movem friezas calorosas e externações vangloriosas
até que, enfim, o revolver das águas passadas
não movem os moinhos, mas sim, destrói
as suas estruturas e enterra em amarguras
aquilo o que um dia foi e não se o deixou passado.
Carrego então calado o desejo de por fim ao brado
que não me deixou argüir no prado (do passado).
Águas passadas não movem moinhos,
movem apenas espinhos. E se a dor não se lhes apraz,
a tortura os satisfaz e a breve pungência
de uma falta de clareza lhes imprime a certeza
de assim ter feito bem. Porém, se bem o fez,
não há motivo para franzir a têz em amargura
e ressentimento. Deixa o tempo ir com o vento.
Águas passadas não molham estradas
e nem fazem crescer a copa das árvores
não têm barulho agradável nem aparência louvável,
nem doçura amável, nem ação venerável.
Água que não corre vira lodo, apodrece.
Nada enriquece e nem faz crescer.
Deixai, portanto, a água passar com o vento
e o vento passar com o tempo.
(Luíza Helena)
Feliz 2012!
Há 13 anos
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