segunda-feira, 14 de maio de 2007

Para mudar um pouco...

Um poema que escrevi esta tarde.

O vento e o tempo

Águas passadas não movem moinhos,
movem apenas ventos arredios e desejos impensados,
movem friezas calorosas e externações vangloriosas
até que, enfim, o revolver das águas passadas
não movem os moinhos, mas sim, destrói
as suas estruturas e enterra em amarguras
aquilo o que um dia foi e não se o deixou passado.

Carrego então calado o desejo de por fim ao brado
que não me deixou argüir no prado (do passado).

Águas passadas não movem moinhos,
movem apenas espinhos. E se a dor não se lhes apraz,
a tortura os satisfaz e a breve pungência
de uma falta de clareza lhes imprime a certeza
de assim ter feito bem. Porém, se bem o fez,
não há motivo para franzir a têz em amargura
e ressentimento. Deixa o tempo ir com o vento.

Águas passadas não molham estradas
e nem fazem crescer a copa das árvores
não têm barulho agradável nem aparência louvável,
nem doçura amável, nem ação venerável.
Água que não corre vira lodo, apodrece.
Nada enriquece e nem faz crescer.

Deixai, portanto, a água passar com o vento
e o vento passar com o tempo.

(Luíza Helena)

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